domingo, 7 de outubro de 2012

Noite Gélida

Numa noite gélida qualquer
Sonhei que havia sonhado
E no tal sonho descobri
Que aquele sonho dentro do sonho
Era mais real que a própria realidade

Neste momento, o despertar passou a ser insignificante
A realidade passou a ser efêmera
E a convicção perdera sua substância

Naquela noite gélida
Minha alma se dispersou
Como o vapor de café quentinho
Na caneca predileta
 
Minha dor tornou-se transparente
E do silêncio fiz minha sonata

No conforto do travesseiro
Descansei meu crânio preocupado
Recomessei sonhos perdidos
Que há muito haviam partido

Meus pensamentos ecoavam baixinho ao fundo
Mergulhados em bacias de sândalo
E a mente navegava
Melancólica e silenciosa
Como um banho quente de madrugada

O céu tornou-se algodão
Cobertor aquecendo meu peito
O trovão calou-se de medo
E, sob o ronronar do orvalho fleumático,
Adormeci!